O processo de modificação e melhoramento de materiais genéticos de alimentos e plantas, para obter produtos com características desejadas, mais qualidade e valor agregado, tem avançado em diferentes frentes com a evolução da engenharia genética e da biotecnologia. Interferindo de forma controlada e intencional no DNA, é possível adaptar o cultivo para os vegetais serem, por exemplo, mais resistentes a pragas, terem um menor custo ou mesmo para alcançar uma produção farta em climas específicos de determinada região. Reunindo pesquisa, ensino e extensão, no Centro de Ciências Agrárias, localizado no Campus Araras, da UFSCar, o desenvolvimento de novos cultivares com diferentes atributos já resultou em dezenas de novas variedades de cana-de-açúcar, alfaces, brócolis, quiabo, pimenta e até orquídeas.
As orquídeas não são apenas as preferidas dos brasileiros, mas também são as flores mais vendidas em todo o mundo. No Brasil, em média, 3 mil híbridos diferentes são comercializados. Porém, no País, a sua produção ainda depende muito de tecnologias importadas, em especial de plantas que são desenvolvidas em laboratórios e mudas clonadas, cujas propriedades são protegidas e, por isso, demandam dos produtores o pagamento de royalties para uso. Para substituir parcialmente essas cultivares importadas por nacionais, pesquisadores da UFSCar têm realizado já há alguns anos diferentes estudos para produzir novas espécies de orquídeas, mais resistentes e mais baratas. "Nós temos um ganho econômico, pois o custo que é gerado do produtor para esses países acaba impactando no valor investido na produção da planta. Quando pagamos R$ 30 em uma orquídea no mercado, até R$ 8 são de royalties que vão para os países que desenvolveram o cultivar", explica o professor Jean Carlos Cardoso, docente no Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBPVA).
Criar uma espécie de orquídea pode levar até uma década. O processo inclui o cruzamento de plantas selecionadas, seu cultivo em laboratório, depois em estufas, até a hora de selecionar plantas que tenham características inovadoras. No Campus Araras da UFSCar, já foram desenvolvidos 10 cultivares de orquídeas com potencial de mercado. Duas delas já estão em processo de registro e proteção. Outras oito estão em fase de testes. Tudo isso é resultado de muitos anos de trabalho, integrando técnicas convencionais e biotecnologia, com a ajuda do banco de material genético da Universidade.
Além das flores, os pesquisadores do Campus Araras da UFSCar também atuam no melhoramento genético de pimentas. A Maria Bonita, por exemplo, foi criada misturando o sabor da pimenta biquinho, muito cultivada no Brasil - inclusive para fazer molhos e conservas -, com o tamanho da pimenta dedo de moça. "O grande custo da pimenta, hoje, é a colheita manual. A Maria Bonita é três vezes maior que a pimenta biquinho, o que representa mais produtividade para o agricultor", afirma Fernando Sala, docente do DBPVA da UFSCar.
Saiba mais na reportagem do "Na Pauta - Notícia" desta semana. O vídeo está disponível no Portal da UFSCar, no Canal UFSCar Oficial no Youtube e nas redes sociais da Universidade. Confira!