No próximo dia 7 de setembro, completam-se 200 anos do evento que entrou para a história brasileira como marco da proclamação da independência do País em relação a Portugal: o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga em 7 de setembro de 1822. Além de manifestações nacionalistas militarizadas e das (re)inaugurações do Museu do Ipiranga - após nove anos em obras - e da fachada do Museu Nacional - após o incêndio ocorrido há quatro anos -, são escassas as atividades de celebração e, sobretudo, oportunidades de reflexão previstas, diferentemente do que aconteceu nos 500 anos do Descobrimento, no ano 2000, e, também, no bicentenário da chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 2008.
Para refletir sobre possíveis relações entre esta escassez e o momento histórico atual e, principalmente, criar oportunidade de balanço crítico desses 200 anos e de debate sobre futuros possíveis, será realizado no dia 6, às 17 horas, o evento "Independência para quem?", uma parceria entre as universidades federais de São Carlos (UFSCar), do ABC (UFABC) e de Brasília (UnB). O debate, online, terá a participação de Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, Ramatis Jacino e Gersem Baniwa. A transmissão acontece simultaneamente nos canais no YouTube das três universidades - UFSCar Oficial, UFABC Vídeos e UnB TV.
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, Professora Emérita da UFSCar - e Doutora Honoris Causa pela UFABC -, é referência na área de Educação e Relações Étnico-Raciais. Foi conselheira no Conselho de Nacional de Educação (CNE) de 2002 a 2006, quando atuou como relatora do parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Na UFSCar, integrou o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) e atuou na concepção e implementação do Programa de Ações Afirmativas da Universidade. Dentre outras condecorações e reconhecimentos, foi admitida em 2011 na Ordem Nacional do Mérito e, no mesmo ano, recebeu o prêmio "Educação para a Igualdade" da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.
Ramatis Jacino é docente da UFABC, no curso de Ciências Econômicas, e integra o Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros (UFABC) da Universidade. Militante do Movimento Negro, sindicalista, escritor e historiador, é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Pesquisa desigualdades de raça, gênero e renda, suas causas e consequências, e, dentre as suas publicações, estão obras sobre o trabalho do negro livre no período pós-abolição e sobre o pensamento negro brasileiro.
Gersem Baniwa, docente no Departamento de Antropologia da UnB, foi o primeiro indígena aprovado em concurso público para a docência no Ensino Superior. Militante dos direitos indígenas desde o período da redemocratização do País, foi um dos fundadores e dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). Também foi conselheiro no CNE e, a partir de 2009, coordenou a área de Educação Indígena no Ministério da Educação, a partir da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad). Natural de São Gabriel da Cachoeira, onde viveu junto ao povo Baniwa e sem falar a Língua Portuguesa até os 12 anos de idade, foi depois Secretário de Educação do Município.
A realização do debate "Independência para quem?" é uma parceria entre a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), a Assessoria de Comunicação da Reitoria, o Instituto da Cultura Científica (ICC) e a Rádio da UFSCar; a Coordenadoria de Comunicação e Imprensa da UFABC; e a Secretaria de Comunicação e a TV da UnB. O público poderá apresentar questões aos convidados pelo chat dos canais de transmissão.