A UFSCar lança neste 9 de agosto o projeto "UFSCar de todos os povos", que visa dar visibilidade aos diferentes grupos sociais, étnicos, nacionalidades e identidades que compõem a comunidade universitária. Com isso, busca-se não apenas promover inclusão e solidariedade, mas sobretudo destacar como a diversidade é fundamental para que a Instituição, em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, possa cumprir sua missão e responder adequadamente às demandas e expectativas apresentadas pela sociedade.
A estreia da série de depoimentos em vídeo acontece com a participação de estudantes indígenas, no marco do Dia Internacional dos Povos Indígenas, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1995, a partir da atuação de representantes de povos indígenas ao redor do Globo. Em 2007, a Assembleia Geral da ONU aprovou a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, cujo foco está na garantia de autodeterminação dessa população, ou seja, de livre determinação de sua condição política e de livre busca de seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
"UFSCar de todos os povos" seguirá recebendo depoimentos, não apenas de estudantes indígenas, mas também pessoas em situação de refúgio (que não se coloquem em risco com este tipo de manifestação pública) e outros integrantes da comunidade universitária vindos de outros países. O contato com a equipe responsável pode ser feita pelo e-mail ccs@ufscar.br.
"UFSCar de todos os povos" é uma iniciativa conjunta da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), Instituto da Cultura Científica (ICC), Assessoria de Comunicação da Reitoria e Rádio UFSCar e, também, da equipe de Comunicação da Fundação de Apoio Institucional (FAI-UFSCar).
Lançamento
O primeiro episódio de "UFSCar de todos os povos" será veiculado nesta terça-feira, a partir das 14h15, na 68ª edição do programa Na Pauta, transmitido ao vivo nos canais UFSCar Oficial no YouTube e no Facebook. A edição especial, alusiva ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, terá também a participação de estudantes indígenas que participaram do IX Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no final de julho, que compartilharão as principais temáticas abordadas no evento. Estará presente também Pedro Lolli, docente do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSCar, que atua junto aos povos indígenas do Alto Rio Negro, no Amazonas.
Para valorizar e divulgar outras iniciativas já realizadas na Universidade anteriormente com objetivos similares, Na Pauta abordará também o projeto "UFSCar de Muitas Línguas" e pesquisas sobre línguas indígenas realizadas no âmbito do grupo PET Saberes Indígenas da UFSCar.
Ações afirmativas
A UFSCar realizou seu primeiro vestibular para ingresso de estudantes indígenas em 2007, sendo assim a primeira universidade pública do estado de São Paulo a promover processo seletivo exclusivo para essa população. A iniciativa integra o Programa de Ações Afirmativas da Instituição que, dentre outras definições, determina a criação de vagas adicionais a cada ano em todos os cursos de graduação para estudantes indígenas. Hoje, estudam na Universidade 364 estudantes indígenas, de 43 etnias (de um total de cerca de 820 mil indígenas no Brasil, com 305 etnias reconhecidas).
Em 2015, pela primeira vez, e por nove edições consecutivas, as provas foram aplicadas em quatro capitais: Cuiabá (MT), Manaus (AM), Recife (PE) e São Paulo (SP). Antes, as provas eram aplicadas somente no Campus São Carlos da UFSCar. A mudança foi proposta pelos próprios estudantes indígenas veteranos, a partir de demandas em suas comunidades de origem. Ainda em 2015, também foi na UFSCar que ocorreu a primeira conferência SBPC Indígena, que abordou o "Movimento indígena e contexto político", durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Em 2018, houve a inclusão do município de São Gabriel da Cachoeira entre as cidades onde ocorrem as provas, em atendimento a uma demanda histórica apresentada pelos estudantes que integram o Centro de Culturas Indígenas (CCI) na UFSCar e que, naquele ano, foi formalmente reforçada pela Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN). São Gabriel da Cachoeira é, de acordo com dados do IBGE, o município com a maior população indígena do País, localizado em uma região de difícil acesso e com altos custos para deslocamento dos candidatos.
Em 2022, a UFSCar e a Unicamp decidiram unificar a seleção para o ingresso de estudantes indígenas em ambas as universidades. A prova foi aplicada nas seguintes cidades: Bauru (SP), Campinas (SP), Recife (PE), Dourados (MS), São Gabriel da Cachoeira (AM) e Tabatinga (AM). Foram 2.805 inscritos.
O Programa de Ações Afirmativas da UFSCar também conta com processo seletivo específico para ingresso de pessoas em situação de refúgio e, além disso, a Universidade já conta com ações afirmativas para ingresso em seus programas de pós-graduação e, em iniciativas voltadas à internacionalização, integra convênios voltados especificamente à colaboração Sul-Sul.