O mercado de trabalho para profissionais especializados em Neuropsicologia vem crescendo em todo o mundo. O aumento da expectativa de vida e o surgimento de novos tratamentos para Alzheimer, Parkinson, Paralisia Cerebral, Depressão, Autismo ou mesmo para sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), dentre outros, criou uma demanda por especialistas capazes de investigar o comportamento e o cérebro, apontar suas potencialidades e a melhor terapia para cada caso em específico.
"Profissionais capacitados para examinar pacientes com testes padronizados - para ter acesso a dados precisos e identificar a origem psicológica ou neurológica que gera algum tipo de comportamento - podem melhorar a qualidade da vida da população. São importantíssimos. Eles devem estar presentes em diferentes setores de instituições de saúde e educação para otimizar os serviços prestados", afirma o professor Sérgio Leme da Silva, docente do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar.
A Neuropsicologia engloba o estudo do cérebro, seu desenvolvimento, a sua funcionalidade, transtornos psicológicos e as neuropatologias da infância, da adolescência e do envelhecimento. Dividida em Avaliação e Reabilitação, os profissionais da área usam de métodos específicos para analisar as condições de cada tipo de indivíduo. Após identificar possíveis prejuízos, funcionalidades perdidas, comportamentos adaptados, cognições compensadas e áreas cerebrais afetadas, ainda são coletadas informações referentes ao histórico familiar, social e clínico para traçar um perfil do paciente.
"Já na Reabilitação Neuropsicológica são realizadas algumas intervenções necessárias para melhorar ou adaptar alguma dificuldade para que aquela pessoa possa ser reinserida na sociedade, se possível. Não há limites para o desenvolvimento do cérebro humano. Ele responde a estímulos externos como treino, aprendizagem e atividade física e, assim, pode se modificar", descreve o professor.
Uma das mais importantes atribuições desse campo é a emissão do laudo neuropsicológico. O documento, que reúne os resultados obtidos durante a avaliação, deve ter todas as análises recebidas durante os testes feitos. Dessa maneira, ainda é possível auxiliar na tomada de decisões de outras áreas, fornecendo dados e ajudando a responder, por exemplo, se dificuldades expressas por uma criança são frutos de alienação parental, de violência doméstica ou por bullying na escola. "Para além da área da saúde, no setor educacional o profissional capacitado em Neuropsicologia pode ajudar a identificar o motivo de um aluno ter dificuldades de aprendizagem, por exemplo, ou se um determinado tipo de comportamento está relacionado a algum estado emocional", conta o docente.
De acordo com o professor da UFSCar, fonoaudiólogos também podem atuar na área da Neuropsicologia, investigando problemas de linguagem, identificando comprometimentos e propondo estratégias de estimulação que melhorem a comunicação. "Para isso, é preciso aprofundar os conhecimentos sobre as relações entre cérebro e habilidades cognitivas, bem como a percepção, memória, linguagem oral e escrita, dentre outros. Além disso, é necessário saber reconhecer a expressão corporal das emoções, além de ter conhecimentos sobre administração e gestão de equipes interdisciplinares", ressalta Silva.
Infelizmente, na visão do especialista, o Brasil ainda engatinha nessa área em nível de atendimento. "Quem aproveita muito é a elite, mas escolas e serviços públicos, que também deveriam ter um profissional com esse conhecimento, ainda não têm. Com o objetivo de qualificar graduados nas áreas de Educação e Saúde, a UFSCar oferece uma pós-graduação que trabalha tópicos básicos para o atendimento da criança ao idoso, do diagnóstico ao tratamento", lembra o professor. O "Curso de Especialização em Neuropsicológica Clínica: Avaliação e Reabilitação" aborda diversas formas de levantar dados clínicos e hipóteses por meio de instrumentos padronizados de avaliação das funções neuropsicológicas, que permitam diagnosticar e estabelecer qual o melhor tipo de intervenção necessária e específica.
O curso é voltado para psicólogos e fonoaudiólogos. Com aulas didáticas, práticas, além de atividades de pesquisa e leitura, a pós-graduação segue uma bibliografia atualizada. São abordados o funcionamento do cérebro, doenças da infância e do envelhecimento, além de temas como desenvolvimento, plasticidade cerebral e ética no atendimento clínico. A especialização oferece também aos alunos a oportunidade de vivência da prática clínica em parceria com a Unidade Saúde Escola (USE) e a Clínica Escola do Departamento de Psicologia, ambos da UFSCar. As aulas começam no dia 28 de janeiro. Inscrições na Plataforma Box UFSCar. Na página há mais informações, como valores de investimento.