O Acidente Vascular Cerebral (AVC) atualmente é a segunda causa principal de mortalidade no mundo e no Brasil, perdendo apenas para as doenças cardíacas, mesmo durante a pandemia de Covid-19. Além disso, é a primeira causa de morbidade e sequelas de origem não traumática em pacientes de todas as faixas etárias. Sendo do tipo isquêmico, causado por falta de fluxo sanguíneo, ou hemorrágico, quando há ruptura de um vaso arterial, venoso ou de um aneurisma cerebral, em ambos os casos, sequelas motoras, sensoriais, comportamentais, visuais, de linguagem e cognitivas podem ser provocadas de maneira irreversível.
Em São Carlos, para oferecer um cuidado multiprofissional a quem que já sofreu AVC e a pacientes que tiveram qualquer doença cerebrovascular nos últimos seis meses, o Hospital Universitário da UFSCar (HU-UFSCar/Ebser/MEC) conta com um ambulatório para pacientes encaminhados pela rede pública de saúde. De acordo com Milena Carvalho Libardi, neurologista do HU, o espaço foi criado com o objetivo de estudar o impacto do AVC em São Carlos e região e as melhorias que podem ser empregadas em um atendimento mais interativo com a rede de saúde da cidade. “O AVC causa um enorme impacto socioeconômico-psicológico nas famílias e na sociedade. Queremos proporcionar uma melhora da qualidade de vida dos pacientes e uma orientação melhor aos cuidadores", afirma Libardi.
Com o apoio da Unidade Saúde Escola (USE) da UFSCar e de outras áreas da Universidade, a neurologista conta que, no futuro, a ideia é criar uma Linha de Cuidados ao AVC de maneira integrada no município em que o paciente seja atendido desde a fase aguda da doença até a fase de reabilitação e inserção na sociedade. Futuramente ainda serão ofertadas capacitações para toda a equipe do HU para o atendimento e o envolvimento de toda a rede de saúde e sistema pré-hospitalar, como o SAMU, que é o principal aliado no tratamento da doença na fase aguda.
"Minutos salvam vidas no AVC, quanto mais cedo o paciente chega ao hospital, maior a chance de reversão de sequelas. O treinamento da equipe pré-hospitalar em conjunto com o HU, além do envolvimento de toda a rede pública de saúde, é de fundamental importância para minimizar o impacto da doença em nossa cidade", garante Libardi. A especialista lembra também que manter o controle de doenças silenciosas como pressão alta, colesterol alto, diabetes, além de controlar a ingestão de bebida alcoólica, praticar atividade física, ingerir alimentos saudáveis e cessar o tabagismo são hábitos que podem ser mantidos para evitar o problema.
Dia Mundial do AVC
No Dia Mundial do AVC, para conscientizar a sociedade sobre a doença, o HU-UFSCar promoveu a live "Acidente Vascular Cerebral: da fase aguda a reabilitação", pelo canal do hospital no YouTube. Foram abordadas reabilitação neurológica, a importância de uma linha de cuidados integrada e multidisciplinar, a revolução do tratamento com a telemedicina e o papel da fisioterapia para a recuperação do paciente. Além de profissionais do HU-UFSCar, também participaram convidados da Universidade Federal de Alagoas, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e do Hospital Estadual de Américo Brasiliense.