No Brasil, um país historicamente desigual em diversas áreas, milhões de famílias de baixa renda ainda não têm na prática um direito garantido na Constituição: a moradia. Tentando sobreviver, e sem alternativa, muitas vezes áreas inabitadas, mesmo consideradas de risco, são ocupadas de forma irregular. A chamada Regularização Fundiária, processo complexo que envolve um conjunto de ações sociais, jurídicas, urbanísticas e ambientais para oficializar essas ocupações, tem sido cada vez mais necessária. Com o objetivo de formar profissionais qualificados a conduzir estes processos, estão abertas as inscrições para o Curso Técnicas de Regularização Fundiária da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O professor Celso Maran, docente do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da UFSCar e coordenador do curso, explica que para a regularização dessas ocupações, os representantes do poder público precisam da ajuda de um corpo técnico com profissionais de diferentes setores. “É preciso ter uma equipe multidisciplinar, com engenheiros, advogados, urbanistas e ambientalistas, por exemplo, para mapear áreas, levantar as informações e desenvolver ações de regularização”, afirma o especialista.
O próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) não tem dados de quantos brasileiros vivem em comunidades desse tipo. Nas cidades com mais de 50 mil habitantes, onde geralmente ocupações irregulares são mais comuns, muitos problemas podem surgir. O professor Edson Ricardo Saleme, também integrante do DCAm da UFSCar, afirma que a Regularização Fundiária pode beneficiar não apenas os ocupantes daquela área, mas favorecer toda a sociedade. “Esse processo melhora a qualidade de vida, saúde pública, educação, segurança e até a sustentabilidade em relação ao meio ambiente”, defende.
O Curso Técnicas de Regularização Fundiária da UFSCar conta com um corpo docente formado por professores da UFSCar e convidados de outras Instituições. “São profissionais de diversas áreas do conhecimento, como Direito, Geografia e Engenharia, com ampla experiência em regularizações fundiárias, em diversos locais do Brasil. São especialistas em legislação e também em toda a prática do processo de regularização fundiária”, destaca Celso Maran.
Num total de 40 horas de aulas teóricas e estudos de casos práticos, é ensinado o papel dos profissionais técnicos envolvidos, como realizar o diagnóstico da infraestrutura e desenvolver o cronograma de serviços. São 10 encontros agendados, nas noites de segunda e terça-feira a partir do começo de agosto. Profissionais de diferentes áreas do setor público, privado e do terceiro setor, pessoas formadas ou mesmo graduandos, que pretendem trabalhar com a Regularização Fundiária, podem se inscrever até o início de agosto pelo site bit.ly/regulafundiaria. Na página há mais informações. As vagas são limitadas.