A maneira como vivemos - com pressa, excesso de cobrança e estresse, tem impacto direto para o aumento de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A afirmação é do psiquiatra Marcos Chagas, que também é professor na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ele conta que pelo menos 20% das pessoas vão ter depressão uma vez na vida.
Esse transtorno psiquiátrico é diferente de momentos de tristeza, um sentimento que o ser humano se adapta com o tempo, como por exemplo o luto. A tristeza é só umas das características da depressão. Outras são perda de interesse, alterações de sono e apetite, pensamento de morte, etc. Quando tudo isso persiste por duas semanas, causando prejuízos a rotina, pode ser depressão. Já a ansiedade, característica biológica, se torna doença quando causa danos ao dia-a-dia e começam a aparecer sintomas físicos, como sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração e outras alterações associadas à disfunção do sistema nervoso.
Hoje em dia, segundo o professor da UFSCar, há mais casos de ansiedade do que depressão. Isso porque, há vários tipos de transtornos associados à ansiedade, como pânico, fobias específicas, que atingem até 40% da população, ou transtorno de ansiedade social, muito comum em estudantes. Esse último, diagnosticado a partir da década de 1980 em 13% dos brasileiros, causa problemas de convivência, dificuldade para falar em público e baixa autoestima. Ainda de acordo com o professor, o aumento da exposição na internet, a preocupação com o julgamento dos outros e o ambiente que a pessoa vive, podem causar esses transtornos.
Mas ele ressalta também que os chamados gatilhos de estresse variam de pessoa para pessoa, ou seja, o que pode ser estressante para um não necessariamente será para o outro. Por isso, a análise deve ser individual. Com o passar dos anos o diagnóstico também evoluiu .“Agora sabemos mais sobre o que acontece. As pessoas têm mais acesso a informação sobre sintomas. Ao longo dos anos, alguns exames também foram alterados para gerar melhores resultados, assim como tipos de tratamento, com ou sem remédios”, conta.
Além dos remédios, é importante também que exista uma mudança de comportamento. Nesse sentindo, profissionais das áreas da saúde e social podem colaborar com orientações durante o tratamento. Porém, Marcos Chagas explica que cursos de graduação que formam enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, e outros que trabalham com esses pacientes, geralmente não oferecem um preparo focado em transtornos mentais.
Com o objetivo de complementar a formação desses profissionais, estão abertas as inscrições para o I Curso de Especialização em Saúde Mental e Cognição da UFSCar. A pós-graduação ensina a teoria relacionada a neurociência e valoriza uma análise crítica e reflexiva sobre os transtornos mentais e o impacto social, assim como políticas públicas e humanização no atendimento. Pessoas das áreas da saúde e social, além de outros profissionais que estejam autuando ou pretendem trabalhar com Saúde Mental podem participar. Basta se inscrever pelo site