Começou nesta quarta-feira (26), e vai até sexta (28), o I Seminário Internacional e o IV Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas sobre a Educação no Campo no campus São Carlos da UFSCar. Quase 200 trabalhos foram inscritos para serem apresentados e mais de 400 pessoas se inscreveram para participar como ouvinte. Especialistas do país e do exterior estão discutindo as políticas educacionais para o meio rural e para a educação pública.
Abertura das atividades ocorreu no Teatro Florestan Fernandes com a participação do vice-reitor, Walter Libardi, da coordenadora de pós-graduação da UFSCar, Rosa Maria Moraes Oliveira e do professor Luiz Bezerra Neto, coordenador do evento e pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação no Campo (GEPEC) da UFSCar. Na sequência, os pesquisadores Marcos Cassin e Maria Cristina dos Santos Bezerra formaram a primeira mesa de debates.
Maria Cristina destacou que a discussão e diferenciação entre escola urbana e rural ocorre porque o Brasil não possui uma “escola única que atenda a todos sem privilégios de classe”, frisou. Já Luiz Bezerra chamou a atenção para o perfil rural do Brasil. “Alguns autores dizem que o Brasil é muito mais rural do que aponta o IBGE”, destacou.
A definição do que é urbano e rural possui limites muito tênues. “Para alguns levar os benefícios da cidade para o campo, como energia elétrica, asfalto e telefone é urbanizar o meio rural”, salientou. Bezerra lembra que o campo possui poucas construções e, por isso, poucas escolas porque os benefícios não chegam a lugares em que há uma concentração de pessoas menor. “Não há preocupação no capitalismo com as pessoas, apenas com o lucro”, ressaltou.
O pesquisador apresentou ainda dados para diferenciar o homem que vive do, e no, campo daquele que apenas vive da exploração, ou seja, os “donos do agronegócio” versus os “camponeses”, ou pequenos agricultores. O estudo da Oxfam Brasil – organização que estuda a desigualdade social – baseado em números do Censo Agropecuário de 2006, não deixa dúvidas de que a concentração de terras está ainda mais acentuada no país. As grandes propriedades rurais somam 0,91% do total de estabelecimentos, mas concentram 45% de toda a área rural do Brasil. Na outra ponta, propriedades com área inferior a dez hectares representam 47% do total de estabelecimentos, mas ocupam menos de 2.3% da área total.
Esse panorama, aliado a uma série de fatores, traz consequências para a educação rural, que assistiu ao fechamento de milhares de escolas rurais nos últimos anos. A participação é gratuita para ouvintes, basta acompanhar a programação no site www.semgepec.ufscar.br. Os eixos do seminário estão divididos em Movimentos Sociais; Políticas Públicas; Marxismo, Trabalho e Formação Humana; Formação e Trabalho Docente; Administração e Gestão Escolar; Histórias das Instituições Escolares; Educação Especial; Pedagogia Histórico-crítica; e Organização Sindical.
Mesa de abertura com Maria Cristina, Marcos Cassim